Banda brasiliense libera álbum de músicas autorais no Spotify
Projeto é hobby de amigos que se formaram em comunicação pela Universidade de Brasília e encontraram na internet um jeito acessível de levar trabalho ao público
Um álbum autenticamente brasiliense, forjado entre laços de amizade criados na Universidade de Brasília (FAC/UnB), talento, criatividade e interesse em comum por música, astronomia e audiovisual. Esse é o cenário que deu origem ao CD digital de estreia da Banda Noite, hoje formada pelo publicitário Alexandre Curuma e pela cineasta Carol Lucena. O projeto, que começou em 2013 com amigos tocando violão e cantando para passar o tempo, culminou na composição de 10 músicas inteiramente autorais. As melodias estão disponíveis gratuitamente na plataforma de streaming Spotify (acesse em bit.ly/bandanoite), misturam rock, folk, blues e MPB e falam de temas variados, que vão desde lendas urbanas do Distrito Federal até experiências cotidianas.
A bem-humorada Crocodilo do Paranoá é a mais ouvida no Spotify e brinca com o medo da presença desses répteis no lago de Brasília — apesar de apenas jacarés (que são de outra espécie) habitarem biomas brasileiros. Já Caiporé é um tributo ao índio Galdino, líder pataxó queimado vivo enquanto dormia numa parada de ônibus da Asa Sul, em 1997. Outras músicas são mais reflexivas e poéticas, como Lá, Difícil Andar pra Frente, Por Que as Pessoas Cantam, Ana Paula e Pela Calçada. Todas as composições, porém, têm em comum cuidado com a combinação entre arranjos e letras, que acabam por refletir a personalidade dos criadores. “Às vezes, as músicas são uma espécie de retrato, revelam muito sobre o que sentimos e o que somos”, percebe Alexandre Curuma, 27 anos, que toca violão há quase 10.
Responsável pelo vocal da maior parte das canções, Carol Lucena, 27, toca violão e piano e começou a se interessar por música ainda na infância. Para ela, a parceria na composição é uma grande qualidade do projeto. “Trabalhamos bem complementando letras e melodias um do outro. Isso é o que fazemos melhor”, conta. “Resolvemos gravar um CD quando percebemos que tínhamos um número considerável de músicas autorais com potencial e acreditávamos que elas combinavam bem juntas”, explica Curuma. Apesar de ter começado de maneira despretensiosa, o disco foi gravado em estúdio e finalizado de maneira profissional, com a colaboração de parceiros e amigos, tornando-se uma bela contribuição à esfera musical brasiliense. A gaita, introduzida pelo designer gráfico Lucas Loiola, por exemplo, fez toda a diferença.
“O processo de gravação foi uma aventura e tanto, pois não tínhamos experiência de estúdio e acabamos levando mais tempo que o planejado”, diz Curuma. Todo o esforço compensou: a dupla não poderia estar mais satisfeita com o resultado. “A gente fez tudo na mão, editei quase todas as músicas, foi meio que um experimento e estou feliz de ver que deu tudo certo. Fiquei impressionada com a qualidade do som”, admite Carol. “A parte mais legal foi concretizar o álbum. É muito comum que as pessoas tenham bandas na faculdade, mas acabem deixando de lado”, comenta Curuma. Depois de tudo pronto, os amigos procuraram um jeito de levar as criações ao público e encontrar na internet o caminho mais democrático para isso.
Colaborações
Em 2013, três amigos que participavam da Pupila, empresa júnior de audiovisual da UnB, passaram a se encontrar para cantar e tocar violão: Alexandre Curuma, Carol Lucena e Washington Rayk. Nascia, assim, a Banda Noite que lançou álbum homônimo no fim de 2017. O disco de estreia contou com a colaboração de Lucas Loiola (gaita), André Ribeiro (backing vocal em uma faixa e violão solo em outra), Lucas Almeida (produção e percussão), Henrique Vieira (masterização) e Morgana Boeschenstein (ilustração). Apenas Curuma (composição, letra, violão e voz) e Carol (voz, composição, letra, violão e piano) permanecem no projeto. Rayk compôs o solo de guitarra de uma música e o baixo de outra. O disco foi produzido a partir da influência de artistas como Marisa Monte, Tribalistas, Skank, Elis Regina, Nando Reis e Rita Lee.
Completam o rol de inspirações KT Tunstall, Jack Johnson, Heart, Kansas, Bob Dylan, Johnny Cash, Queen e The Beatles. A Banda Noite recebe esse nome pela fascinação de Carol e Curuma, que são membros do Clube de Astronomia de Brasília (Casb), pelo universo. Entre os momentos mais marcantes da trajetória do grupo, um inspirou a ilustração da capa do álbum, de autoria de Morgana. Carol, Curuma e Rayk tocavam em um banco entre o ICC (Instituto Central de Ciências) e o RU (Restaurante Universitário) da Universidade de Brasília quando começou a chover. Nem mesmo o temporal apagou o entusiasmo dos três, que continuaram a fazer som em baixo de um guarda-chuva. Atualmente, Carol e Curuma ensaiam uma vez por semana, marcando encontros na academia de música Musiflex.
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